sábado, 17 de agosto de 2024

Ciclos

 Os sábios não esquecem que, antes da primavera, sempre haverá um inverno...

sábado, 14 de janeiro de 2023

Ego

Se dás valor ao que escreves...

escreve em folhas de rascunho

num guardanapo de papel

nas costas de uma receita

na agenda do ano passado


Se dás valor ao que escreves...

queima depois de ler

observa tuas palavras

ao vento levadas

pela fumaça


Se dás valor ao que escreves...

esquece no fundo de uma gaveta

perde em meio aos recibos

deixa dentro de um livro

mas não marca o X


até que alguém

o tesouro encontre






quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Eduardo e Mônica


Toda vez que me disponho a escrever sobre uma obra, não tenho a pretensão de fazer uma análise crítica, no sentido mais restrito, muito menos negativa, não perco meu tempo depreciando o trabalho que não teria competência para fazê-lo. Portanto o que apresento aqui sobre o filme “Eduardo e Mônica" vem carregado de emoções e sentimentos que afloraram após 36 anos. Eu já era mais velho que o personagem do Renato, mas compartilhava com ele a leve brisa com frescor de liberdade que soprava logo em seguida a eleição do Tancredo. Vivia, também, um grande amor e a promessa de que seria pra sempre. Já não andava de magrela, mas pilotava uma moto, não tão estilosa quanto a da Mônica. Frequentava as danceterias e curtia a trilha sonora do filme, principalmente Legião, o que faço até hoje. Já lia poesia e muita literatura, mas vez ou outra ficava de recuperação como o Eduardo. Nunca aprendi a falar inglês, muito menos alemão, mas passei duas horas com água nos olhos revivendo uma ótima parte da minha vida ao acompanhar a improvável história de amor dessa dupla eternizada na canção da Legião. E é isso que o filme me apresentou: a aceitação do diferente, o amor improvável que dá sentido à vida. Uma produção competente, rica nos detalhes, boas atuações que nos entrega um final feliz, tão necessário em tempos tão sombrios e de tanta desesperança.   






sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Último encontro

Quando a morte chegar

Que venha de azul ou vermelho

Pretinho básico cai bem em festa chique

Não num encontro coloquial


Quando a morte chegar

Que venha sorrindo

Tal qual uma velha amiga

Num encontro casual

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

A Lição da Água

  

Em um mosteiro perdido no Oriente um neófito se aproxima de um dos mestres e pergunta: - Mestre, por que o cozinheiro está sempre praguejando e insultando os que estão a sua volta e os que o ajudam?

O Mestre olha para o horizonte por um instante e diz: - Antes de responder, podes me fazer um favor?

- Claro, Mestre. Responde o neófito.

- Passe pela cozinha e apanhe duas jarras de vidro. Depois vá até o pântano que fica atrás do mosteiro e encha uma delas com água. Em seguida, passe pelo poço e encha a outra. Traga-as até aqui.

O neófito se apressa a cumprir o que foi pedido. Logo está de volta com as duas jarras, uma com água potável e límpida, a outra com água turva e malcheirosa.

O Mestre então pergunta ao neófito: - De qual das jarras você escolhe beber?

O neófito prontamente responde: - Da água do poço, claro.

- Porque? Pergunta o Mestre.

- Por que é pura e não vai me fazer mal.

- Se você beber da outra, o que imagina que lhe acontecerá?

- Irei adoecer, provavelmente. Responde o neófito.

- Com as palavras, ocorre a mesma coisa. Escolha usar sempre as que lhe tragam bem estar e harmonia, pra você e para os que lhe rodeiam.  

 

                                                                   J M Fernandes