sexta-feira, 23 de maio de 2014

À Deriva

Toda a convicção não se sustenta!
Afinal, Heráclito estava certo, somente existe o "Devir".
O mundo encontra-se em constante transformação.
Mergulhado no oceano do Universo, banhados pela Via Láctea, nunca ocupamos o mesmo lugar no firmamento.
Viajando através do espaço, rumo a um destino ignorado.
Difícil lidar com a ideia. 
Faz sentido a necessidade do ser humano em desvendar o seu futuro. I ching, tarô, horóscopo, tentativas de encontrar no caos, uma direção.
Não seria mais sensato olhar para nosso interior e tentar encontrar a nós mesmos?



domingo, 18 de maio de 2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

domingo, 11 de maio de 2014

Amyr

Recordo uma história que ouvi, relato da forma que lembro, mas serve para ilustrar o que pretendo expor.
Dizem que em uma viagem a Portugal a escritora Rachel de Queiroz já conhecida, pois publicava desde os 19 anos, conseguiu agendar uma entrevista com Fernando Pessoa, de quem era admiradora e sabia que Pessoa também nutria admiração por sua obra. Eufórica, Rachel preparou-se para o encontro, mas horas antes, recebeu um recado do poeta lusitano com os seguintes dizeres: "Desculpe mas prefiro não encontra-la, nunca gostei de um escritor que tenha conhecido".
Compreendo a decepção de Rachel, mas entendo a precaução de Pessoa.
Costumo ter a mesma sensação. Uma vez isto também me ocorreu. 
Costumava seguir a coluna de um conhecido escritor em um jornal de circulação regional. Através de sua prosa viajava para lugares e partilhava emoções que me eram caras. Tinha grande admiração pela obra do escritor até conhecê-lo.
Quando a oportunidade apareceu, decepção: era um baita chato. 
Nunca mais consegui ler sua coluna ou seus livros. Pena...
A maioria dos ídolos que persistem, morreram antes de decepcionar-nos. Marilyn, James Dean, Ayrton Senna, Che Guevara, se vivessem o bastante, talvez não os admirássemos tanto. Fidel participou da mesma luta ao lado de Che e não vejo tantas camisetas com fotos dele, pelo menos fora de Cuba.
Mas as regras existem pelas exceções.
Mais uma vez tive a oportunidade de assistir a uma palestra com o navegador Amyr Klink. Acompanho seus feitos desde a travessia do Atlântico em um barco a remo.
Considero-o como um modelo de "homem sábio".
Sábio por sua coerência, a determinação em viver conforme suas palavras, um mapa para suas atitudes.  Uma incrível percepção da realidade ao seu redor, das limitações do ambiente e capacidade para resolver problemas complexos por meio de soluções simples.
Assim como nos escritos do filósofo Henry Thoreau. Em suas obras procuro alento e orientação para as situações em que me encontro confuso ou desorientado e nunca me decepcionei.
Em passagens que falam em enfrentar vagas de metros de altura no lugar de se submeter a calmarias ou das caminhadas pelas inóspitas florestas as margens do lago Walden sempre se encontra a experiência que orienta, qual um farol, o caminho do navegador ou do caminhante.

Afinal, esta vida é uma viagem, não?