O desejo morre na espera,
se no banco ficar.
Pura vontade.
Não se importa de errar,
e o faz com alarde.
Se Psiquê o encontrar,
o desejo se finda.
A paixão fenece,
tudo termina.
Este espaço foi criado para expressar opiniões sobre filosofia, cinema, poesia, literatura, fotografia, viagens e outros tantos assuntos que me interessam... eventualmente atualizado. Caso sinta-se estimulado por algum assunto, post ou imagem, comente, participe, ficarei muito satisfeito. Abraços
domingo, 27 de dezembro de 2015
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Farfalle
"Olha que linda!"
Tentou agarrar,
asas vibrando,
planando no ar...
Os dedos fecharam,
pequenos e rápidos.
Os olhos brilharam...
mas as asas coloridas
continuaram a voar.
Tentou agarrar,
asas vibrando,
planando no ar...
Os dedos fecharam,
pequenos e rápidos.
Os olhos brilharam...
mas as asas coloridas
continuaram a voar.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
sábado, 5 de dezembro de 2015
Inconsciente
Lagos calmos e
serenos,
normalmente são
profundos.
Mesmo cristalinos,
escondem mistérios.
Mergulhar é um risco
e um prazer.
Descer às
profundezas,
sondar enigmas,
desvelar sonhos,
trazer à tona...sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Madalena
Madalena nasceu linda. Era o que sua mãe lhe contava. Caso único na maternidade. Olhos de um azul profundo, pele rosada, cabeleira já formada de um negro brilhoso. As enfermeiras chamavam umas as outras para ver aquele bebê especial. Sua mãe também contava, orgulhosa, que ela havia nascido sorrindo e de olhos bem abertos tanto que o médico, ao vê-la, não teve coragem de fazê-la chorar, dispensando a famosa palmada no bumbum.
Na primeira semana foi uma verdadeira romaria de familiares e vizinhos para ver o bebê mais lindo da redondeza.
Madalena cresceu rápido, saudável e muito bela, mas a medida que crescia, sua beleza já não despertava mais tanta atenção. Sua mãe comentava que ela tinha ficado mais "normal". Madalena sempre havia se sentido normal.
Na escola continuou a chamar a atenção. Desde cedo os meninos se apressavam para ser seu par nas danças das festas juninas, pelo menos os mais corajosos.
Com a chegada da adolescência, quando os braços e pernas pareciam crescer mais rápido que o restante do corpo, ela se sentia desengonçada e esquisita. Principalmente quando os seios e as curvas de seu corpo começaram a surgir. Passou a usar roupas largas e até masculinas para disfarçar e não chamar a atenção.
Boa aluna, esperta e obediente. Seus pais, gente simples do subúrbio, não tinham do que reclamar.
Ao terminar o ensino médio, os pais programavam um futuro promissor para ela. Seria a primeira da família com um diploma universitário.
Na véspera do vestibular, com a cabeça cheia de dúvidas e incertezas, conheceu Raul. Barba cerrada, alguns anos mais velho, já no último ano de Ciências Sociais.
Prestou vestibular, mas seu pensamento estava em Raul. Levou pau, mas nem se importou. Em casa falou que teria que se preparar melhor, afinal quase todos os outros frequentavam cursinho, era demais esperar que ela passasse de primeira, tendo estudado a vida inteira em escola pública.
Os pais, decepcionados mas compreensivos, prepararam-se para apertar mais ainda o já minguado orçamento para poder custear mais esta despesa. Dinheiro que Madalena passou a gastar com Raul, já que a universidade não era mais prioridade. Logo já passava mais tempo no minguado e malcheiroso apartamento de Raul, do que em sua casa.
Raul era barra pesada e rapidamente Madalena adquiriu vários de seus hábitos e vícios. Gastavam quase toda a grana em drogas. Os pais começaram a desconfiar, mas só tiveram certeza ao descobrir o sumiço da correntinha de ouro com a medalha de Nossa Senhora e o conjunto de brincos e colar de pérolas, única herança da mãe de Madalena, deixada por sua avó, logo após uma das visitas dela.
No dia seguinte foram até o cursinho para cancelar a matricula, mas foram informados que Madalena não havia assistido a uma única aula, sequer havia se matriculado.
Com a fonte seca, Madalena e Raul passaram a ter que se virar. Começaram com pequenos golpes, onde Raul utilizava a beleza de Madalena para distrair as vitimas. Com a grana entrando fácil, resolveram alçar voos mais altos.
Primeiro foi um posto de gasolina, desses que ficam abertos 24 horas. Em seguida uma padaria. Mas foi na farmácia que o caldo entornou. Quando anunciou o assalto, entre os clientes estava um policial civil que tinha uma filha com dor de garganta naquela noite. Raul empunhava a pistola de brinquedo, réplica quase perfeita comprada da China, mas o policial só descobriu isto depois que o corpo de Raul estava estendido em meio a uma centena de caixas de tintura para cabelos e uma poça de sangue. Cena estranha, todas aqueles rostos de mulheres olhando e sorrindo para Raul, apenas uma chorava.
Pelos próximos seis anos, Madalena será a mais bela mulher do sistema prisional. Seus pais vão visitá-la todas as vezes que podem. Ela tem estudado e pretende prestar vestibular assim que for solta.
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