Para alguns
parece prisão
Procuram em vão
o próprio coração
Para outros
é liberdade
espaço sem fim
imensidão
Felicidade
Este espaço foi criado para expressar opiniões sobre filosofia, cinema, poesia, literatura, fotografia, viagens e outros tantos assuntos que me interessam... eventualmente atualizado. Caso sinta-se estimulado por algum assunto, post ou imagem, comente, participe, ficarei muito satisfeito. Abraços
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
terça-feira, 13 de novembro de 2018
50 minutos
As
sessões eram às terças, 17: 00 horas. No início, Sergio não via muito sentido
naquela hora perdida. Ria e pensava que, pelo menos a hora tinha 50 minutos.
Mas não havia muito o que fazer, a justiça havia decidido. Além da multa, o
tratamento para controle da raiva. Amanda ficou esperançosa. Em casa era fácil manter-se
calmo, raras vezes perdera o controle. A mais grave ocorrera quando lançara o
prato em que estava comendo na parede. Os cacos espalharam-se por toda a sala
de jantar. Sua mãe ainda era viva. Lembrava do olhar de desaprovação dela.
Aquele olhar congelava-o e trazia para a realidade.
Tentara
recordar o motivo de tanta raiva e nem mesmo lembrava. Seu terapeuta volta e
meia, trazia o episódio à baila, inutilmente. O que lembrava era de Amanda com
os olhos marejados, juntando os cacos e depois limpando o chão e a parede enquanto
ele permanecia com a cabeça baixa, evitando o olhar de sua mãe no outro lado da
mesa.
A marca no reboco da parede permanecera por
muitos anos. Somente após a morte da mãe resolveu pintar o cômodo e apagar os
sinais.
Mas
toda a frustração vinha à tona no trânsito. Já tentara várias maneiras de
controlar-se. Música clássica, variar o caminho, até café deixara de tomar por
algum tempo. Tudo em vão, uma fechada, um engraçadinho que tomara a sua frente,
alguém que não saia imediatamente a abertura do sinal. Sergio esforçava-se, mas
logo estava segurando o volante com tanta força que os dedos doíam. Reclamava
com Amanda: parece que todos os maus motoristas escolhem a mesma hora e o mesmo
caminho para me tirar do sério.
Não
foram poucos os acidentes em que acabara envolvido. Alguns causados
voluntariamente. Como quando o motorista do táxi tentara sair na sua frente
pela rotatória e ele acelerara seu carro. O cara acha que, só porque está
sinalizando se torna invisível?
Mas
Fernando, seu analista, tinha proposto alguns exercícios, inclusive de
respiração que pareciam estar funcionando. Afinal os 50 minutos não tinham sido
em vão. Já fazia alguns meses que não se envolvia em acidentes e conseguia
manter-se sob controle. Até aquela manhã no estacionamento do shopping. Avistou
a vaga, próximo havia outro carro com a sinaleira piscando. Aguardou um
instante, como o outro motorista não se moveu, arremeteu em direção à vaga no
mesmo momento em que o outro veículo engatou a ré. Ele continua, certamente o
outro motorista teria lhe visto, mas o outro veículo continuava em sua direção.
Em vez de frear o outro carro aumentou a velocidade e abalroou o seu. No mesmo
instante a porta do motorista se abriu e um homem furioso partiu em sua
direção. Quase não reconheceu Fernando, seu analista, enquanto ele xingava em
altos brados.
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