"Tentamos compensar nossa falta de profundidade com rabiscos na superfície."
Este espaço foi criado para expressar opiniões sobre filosofia, cinema, poesia, literatura, fotografia, viagens e outros tantos assuntos que me interessam... eventualmente atualizado. Caso sinta-se estimulado por algum assunto, post ou imagem, comente, participe, ficarei muito satisfeito. Abraços
domingo, 2 de agosto de 2015
sábado, 1 de agosto de 2015
sábado, 11 de julho de 2015
Dor
A Dor que doí
é a dor de cada um.
Só eu sei, só eu sinto...
Tal qual o frio,
que enregela as mãos
e endurece o coração.
é a dor de cada um.
Só eu sei, só eu sinto...
Tal qual o frio,
que enregela as mãos
e endurece o coração.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
domingo, 5 de julho de 2015
Margot
Até a pouco tempo atrás, viveu em uma pequena cidade do
interior do estado de São Paulo, uma mulher com muitos talentos. Mas talvez o
mais impressionante deles fosse o que se expressava através da música e da
preocupação com o meio ambiente e os menos afortunados. Ela era uma espécie de Flautista
de Hamelin às avessas, pois ajudava e
orientava órfãs ensinando-lhes sobre responsabilidade, respeito, perseverança e
exercitavam a sensibilidade, enquanto aprendiam a confeccionar flautas de bambu, com muito capricho.
Ensinava,
também, a qualquer um que demonstrasse interesse em aprender esta arte tão
peculiar e surpreendia aos animados discípulos, que ao final não tinham somente
uma caprichada e afinada flauta de bambu, mas sim uma lição de perseverança,
dedicação, amor e sensibilidade.
Esta foi
sua postura até nos deixar.
Em uma oportunidade tive o
privilégio de acompanhar uma de suas oficinas. Ao confeccionar as flautas de
bambu, era extremamente rigorosa e perfeccionista, acompanhando, desde a coleta
do bambu, até a confecção de cada um dos orifícios e embocaduras, que eram
exaustivamente afinadas a cada nota que era criada. Nada alem do melhor era
aceitável.
Apesar
de sua avançada idade, era sempre a primeira a chegar e a última a terminar,
demonstrado empenho e dedicação.
Agradeço
aos seus filhos, genros e netos, meus amigos, por proporcionarem a oportunidade
de conhecer e conviver com uma pessoa tão especial.
... e
obrigado Margot, por ter dividido um pouquinho de seu talento e nos mostrado
que, com pequenos gestos, dedicação e perseverança, é sim possível mudar a
realidade.
Margot Sylvia Wirth e Gilson Horácio. Curso confecção de flautas de bambu. Faz. Palmeira.
domingo, 7 de junho de 2015
Blues
A ponte tinha sido feita por
um amigo em comum. Sabia da minha paixão pelo blues e me falou de uma amiga,
segundo ele, também apaixonada pelo gênero.
Não é do meu feitio
ligar para uma completa desconhecida pra marcar um encontro às escuras, mas aquele
dia estava me sentindo diferente e resolvi arriscar. No meio da tarde resolvi
ligar. Estava cansado de ver sempre as mesmas caras já velhas conhecidas,
nestas ocasiões. Seria bom o contato com sangue novo, quem sabe descobrir novas
referências, trocar opiniões.
Para
a minha surpresa, apesar do convite em cima da hora, ela aceitou. Combinamos o
encontro no bar onde um famoso guitarrista de Chicago iria se apresentar. A jam
session prometia, o cara já havia tocado com Eric Clapton e com B.B. King, só pra
começar.
Cheguei
cedo, sabia que a casa estaria lotada. Consegui uma boa mesa para dois e fiquei
esperando, já meio arrependido. E se ela fosse uma chata, iria estragar uma
noite com boa música. Aos poucos os conhecidos e parceiros de sempre começaram
a chegar e a cada um tinha que explicar que estava esperando outra pessoa e não
iria me juntar a eles. Aguentava as piadas de sempre com um meio sorriso.
Só
aÍ percebi que não havíamos combinado como iríamos nos reconhecer, havíamos nos
falado pela primeira vez somente naquela tarde. Agora já era tarde para
se preocupar com esse detalhe.
Eu
era um dos poucos sozinho no bar, portanto não foi surpresa ver aquela bela
moça dirigir-se à minha mesa. Com um belo sorriso se apresentou, sentamos e já
em poucos minutos parecíamos velhos amigos. Ela tinha um sorriso cativante,
olhos expressivos, um corpo bem cuidado, mãos e pés delicados e o cabelo cor de
cobre que combinava com o seu tom de pele. Logo percebi que estava
completamente envolvido pela garota. Tanto que o guitarrista começou o show
programado e nenhum dos dois deu a mínima. Estávamos encantados um com o outro
e o papo não nos permitia prestar atenção em qualquer coisa a não ser o que
acontecia naquela mesa.
O
show começou, estendeu-se por mais de uma hora, teve bis, mas não percebemos
uma única nota que ele tenha tocado. O show acabou, muitos foram embora e a
noite já ia alta, mas nenhum dos dois parecia estar disposto a terminar o
encontro. Tentávamos prolongá-lo por mais alguns momentos para não perder a
sensação agradável que nos preenchia. Tínhamos muito em comum. A começar pelo
blues e outros gêneros musicais, os mesmos artistas, principalmente os
impressionistas, escritores e até nos esportes. Ambos adorávamos andar de bike.
Praticamente todas as manhãs, quase como um ritual, pedalávamos antes de ir
para o trabalho, provavelmente pelos mesmos lugares e provavelmente já havíamos
nos cruzado em algum momento.
Foi
difícil decidirmos ir embora. Entendi, naquele momento o que Nietzsche queria
dizer com o “eterno retorno”. Não queríamos que aquele momento acabasse.
Bobagem, pois poderíamos retomá-lo no dia seguinte. E foi o que combinamos. Nos
despedimos e fomos cada um para sua casa pois tínhamos compromissos agendados
para o dia seguinte mas estava ansioso por nosso reencontro.
Na
manhã seguinte, não consegui acordar para minha costumeira volta de bicicleta. Servi meu suco de laranja e enquanto preparava o café, liguei a TV para assistir o jornal
matutino. Imediatamente apareceu na tela um acidente, até ai corriqueiro,
infelizmente. Mas me chamou a atenção pois envolvia um carro e uma bicicleta.
Fiquei mais atento ainda ao perceber que o ciclista era uma mulher. Mostraram o
corpo de longe, pois a vítima havia morrido no local. Tentei desviar o olhar
mas não consegui. Achei que o vermelho espalhado sobre o negro do asfalto era
sangue que escorria da cabeça da ciclista por baixo do capacete branco e preto.
Ao aproximar-me da tela para ver melhor, percebi que era o cabelo da ciclista
sobre o asfalto. O copo com o suco escorregou-me da mão e espatifou-se no
chão da cozinha...
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Aridez
Plantei em ti meu carinho,
meu amor, minha dedicação.
Mais estéril que um deserto,
nada floresceu...
Na mais árida das searas,
surgem cactus, palmas e tunas.
Além dos espinhos
nascem flores,
mesmo que por uma única noite,
seu raro perfume encanta
quem se arrisca.
meu amor, minha dedicação.
Mais estéril que um deserto,
nada floresceu...
Na mais árida das searas,
surgem cactus, palmas e tunas.
Além dos espinhos
nascem flores,
mesmo que por uma única noite,
seu raro perfume encanta
quem se arrisca.
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