quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Eduardo e Mônica


Toda vez que me disponho a escrever sobre uma obra, não tenho a pretensão de fazer uma análise crítica, no sentido mais restrito, muito menos negativa, não perco meu tempo depreciando o trabalho que não teria competência para fazê-lo. Portanto o que apresento aqui sobre o filme “Eduardo e Mônica" vem carregado de emoções e sentimentos que afloraram após 36 anos. Eu já era mais velho que o personagem do Renato, mas compartilhava com ele a leve brisa com frescor de liberdade que soprava logo em seguida a eleição do Tancredo. Vivia, também, um grande amor e a promessa de que seria pra sempre. Já não andava de magrela, mas pilotava uma moto, não tão estilosa quanto a da Mônica. Frequentava as danceterias e curtia a trilha sonora do filme, principalmente Legião, o que faço até hoje. Já lia poesia e muita literatura, mas vez ou outra ficava de recuperação como o Eduardo. Nunca aprendi a falar inglês, muito menos alemão, mas passei duas horas com água nos olhos revivendo uma ótima parte da minha vida ao acompanhar a improvável história de amor dessa dupla eternizada na canção da Legião. E é isso que o filme me apresentou: a aceitação do diferente, o amor improvável que dá sentido à vida. Uma produção competente, rica nos detalhes, boas atuações que nos entrega um final feliz, tão necessário em tempos tão sombrios e de tanta desesperança.   






sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Último encontro

Quando a morte chegar

Que venha de azul ou vermelho

Pretinho básico cai bem em festa chique

Não num encontro coloquial


Quando a morte chegar

Que venha sorrindo

Tal qual uma velha amiga

Num encontro casual

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

A Lição da Água

  

Em um mosteiro perdido no Oriente um neófito se aproxima de um dos mestres e pergunta: - Mestre, por que o cozinheiro está sempre praguejando e insultando os que estão a sua volta e os que o ajudam?

O Mestre olha para o horizonte por um instante e diz: - Antes de responder, podes me fazer um favor?

- Claro, Mestre. Responde o neófito.

- Passe pela cozinha e apanhe duas jarras de vidro. Depois vá até o pântano que fica atrás do mosteiro e encha uma delas com água. Em seguida, passe pelo poço e encha a outra. Traga-as até aqui.

O neófito se apressa a cumprir o que foi pedido. Logo está de volta com as duas jarras, uma com água potável e límpida, a outra com água turva e malcheirosa.

O Mestre então pergunta ao neófito: - De qual das jarras você escolhe beber?

O neófito prontamente responde: - Da água do poço, claro.

- Porque? Pergunta o Mestre.

- Por que é pura e não vai me fazer mal.

- Se você beber da outra, o que imagina que lhe acontecerá?

- Irei adoecer, provavelmente. Responde o neófito.

- Com as palavras, ocorre a mesma coisa. Escolha usar sempre as que lhe tragam bem estar e harmonia, pra você e para os que lhe rodeiam.  

 

                                                                   J M Fernandes

terça-feira, 30 de março de 2021

Resiliência

 Por caminhos digitais

encontrei um lugar

um sítio

uma cidade abandonada

ruínas corroídas

repletas de haikais e poesia

a hera já os cobria

de verde, enquanto tudo ruía

mesmo assim

a Arte resistia




sexta-feira, 20 de novembro de 2020