terça-feira, 30 de março de 2021

Resiliência

 Por caminhos digitais

encontrei um lugar

um sítio

uma cidade abandonada

ruínas corroídas

repletas de haikais e poesia

a hera já os cobria

de verde, enquanto tudo ruía

mesmo assim

a Arte resistia




sexta-feira, 20 de novembro de 2020

domingo, 14 de junho de 2020

Degelos

De rios é feito o mar
Das fontes a água a brotar
Cachoeiras, corredeiras
Gotas no céu a flutuar
Matando a sede, afogando a ignorância
Arrastando pedras
formando geleiras
No alto das cordilheiras

terça-feira, 26 de maio de 2020

Carta a um velho amigo


Querido e velho Amigo

Quando te tornaste um fascista?
Quando, aquele minúsculo homem (sim, o fascismo é masculino até quando usa saias), saiu do seu esfincter, passou por suas tripas, chegou ao coração e tomou as rédeas da razão.
Tantos jantares agradáveis, conversas sobre música, literatura, arte e eu não notei?
Tantas conquistas partilhadas, tristezas amparadas, mas certamente ele estava lá.
Discutimos religião, futebol, política e não vislumbrei nem a sua sombra?
Mas ele estava lá. Esperando o momento. Alimentando-se de toda a angústia, repressão, medo e desilusão.
Quando a oportunidade aflorou ele assumiu tua face o transformou? Ou somente o verniz rompeu e a máscara caiu?
Para onde ele enviou a empatia, a gentileza, a generosidade e o senso de ética?
Talvez estejam escondidos por trás do hipotálamo, do baço, ou figado? Aguardam uma nova oportunidade para reinar?
Assim é, assim será. O fascismo não sobrevive por muito tempo, queima rápido e traz arrependimentos. Quando passa, temos que olhar para as cinzas e tentar aprender a lição, mais uma vez.
Meu maior medo está em perceber que este pequeno tirano pode habitar em qualquer um. Inclusive em mim. 

Saudades