Não sei se sincronicidade (conceito Junguiano) existe mas
ultimamente tenho tido motivos para acreditar que sim. Tantas coincidências tem
me ocorrido que é quase impossível ser mero acaso. Talvez já estivessem
acontecendo, mas não estivesse desperto para percebê-las. A última ocorreu hoje.
Conversando com um colega comentei sobre um dos textos mais famosos de Kant (Resposta à Pergunta:
Que é esclarecimento), o que me levou a lê-lo novamente. Em seguida, recebi
um e-mail de um terapeuta que escreve em um blog que costumo visitar e o texto
(Ilusão e fumaça) tratava do
mesmo assunto (autonomia). Mais tarde fui ao cinema, um dos meus hobbys
preferidos, para relaxar depois de longo dia. Ai começa a viagem: escolhi, em
razão do horário e da sala em que estava passando, o filme "Gravidade" de
Alfonso Cuarón ("Labirinto do Fauno" onde é um dos produtores junto a Guillermo del Toro ). Saí do cinema
impressionado, não só pela boa direção e atuação dos atores (os manjados Sandra
Bullock e George Clooney), mas pela mensagem subliminar que, acredito, captei
nas entrelinhas da narrativa, diga-se de passagem, tensa e diferenciada
escolhida pelo diretor. Será "coisa da minha cabeça"? Não sei. Estarei encontrando justificativas
para ligar os três episódios? O fato é que a personagem principal padece de um
trauma causado pela morte prematura de uma filha (de uma forma estúpida) que,
possivelmente, é razão por trás da escolha em fazer parte da missão a que se
submeteu, já que fica claro que não morre de amores pelo espaço (ao contrario
de seu parceiro, Clooney) e seu desconforto é visível. Durante toda a história,
ela é posta a prova em situação de absoluto risco mas na primeira parte sua
segurança fica a cargo do companheiro de missão, que parece adaptado ao
ambiente, cabendo a Ryan(personagem de Bullock), ser arrasta pelo espaço, que entrega seu destino e as decisões a outro. Em determinado momento, sofre
mais uma perda, e agora se vê completamente sozinha, tendo que se responsabilizar
por todas as decisões e por sua sobrevivência. Passa inclusive,
metaforicamente, por uma espécie de forja onde é literalmente
"temperada" e, de um útero de aço, sai para o mar de onde renasce e
começa a andar com as próprias pernas,
passos trôpegos é verdade, mas na direção que ela escolheu (autônoma). Boa
viagem...
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