Coincidência ou não, vários filmes lançados em 2013 tem o mesmo tema
principal. É o caso do inusitado "Sem
Dor, Sem Ganho", de Michael Bay e baseado em uma
história real, onde uma quadrilha formada por fisiculturistas seguidores de um famoso guru da autoajuda, decide subir na vida praticando crimes.
No caso de "Blue
Jasmine" de Woody Allen, uma socialite, interpretada pela
fantástica Cate Blanchett, acostumada a vida de glamour e
ostentação, vê tudo cair por terra quando seu marido é preso por fraudes
no sistema financeiro.
Mas o principal representante é , sem dúvida, "O Lobo de Wall Street"
de Martin
Scorsese. A direção é espetacular e potencializa a brilhante atuação
de Leonardo
DiCaprio e de todo elenco de apoio, em especial Matthew
McConaughey. É provável que DiCaprio tenha, ainda, uma longa carreira como ator,
mas dificilmente terá outra oportunidade de uma atuação tão marcante e
inspirada, até por que seus próximos papeis serão fatalmente comparados a este.
Fui assistir ao filme sem ter lido as criticas. Sabia que se tratava de
mais um filme de Scorsese e estrelado por DiCaprio. não esperava
nada muito diferente de "O Aviador",
"Gangues de Nova Iorque",
"Os Infiltrados" ou
"Ilhado Medo",(citando
os mais recentes) excelentes
filmes, por sinal, mas que não chegam a fugir de uma estética hollywoodiana.
Com poucos minutos de projeção, percebi que não era o caso.Sai da sala chocado,
mas de uma forma positiva ao encontrar a juventude e a imprevisibilidade que
não via em uma obra de Scorsese desde "Taxi Driver".
Como se, aos setenta e um anos, o diretor não mais se importasse com a polêmica
que iria causar ou se a plateia sairia chocada depois de assistir ao seu filme,
uma de suas marcas em seu início de carreira. Scorsese consegue um efeito
arrebatador, talvez mais poderoso que o pretendido por Lars von
Trier em "Dogville",
inclusive utilizando-se de vários suportes e estratégias de narrativa junto a
ótima trilha sonora, o que torna o filme dinâmico, nas suas três horas de
duração, e arranca risadas constrangidas e nervosas da plateia.
O filme é uma subversão do mercado e deve ser
coroado com o "Oscar", utilizando-se de recursos apropriados da
sociedade que apresenta de uma forma nua e crua, como poucas vezes se teve
coragem.
Depois das
críticas que li, a maioria escrita por pessoas com maior conhecimento e
competência, parece que estou "chovendo no molhado", mas acredito que
o século XXI já tem seu principal candidato a "Cidadão Kane",
isto é, um filme que se torna a "obra-prima" de um diretor e que
representa a essência e os valores da sociedade de seu tempo.
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