Recordo
uma história que ouvi, relato da forma que lembro, mas serve para ilustrar o
que pretendo expor.
Dizem
que em uma viagem a Portugal a escritora Rachel de Queiroz já conhecida, pois
publicava desde os 19 anos, conseguiu agendar uma entrevista com Fernando Pessoa,
de quem era admiradora e sabia que Pessoa também nutria admiração por sua
obra. Eufórica, Rachel preparou-se para o encontro, mas horas antes, recebeu um
recado do poeta lusitano com os seguintes dizeres: "Desculpe mas prefiro
não encontra-la, nunca gostei de um escritor que tenha conhecido".
Compreendo
a decepção de Rachel, mas entendo a precaução de Pessoa.
Costumo
ter a mesma sensação. Uma vez isto também me ocorreu.
Costumava seguir a coluna de um conhecido escritor em um jornal de circulação regional. Através de sua prosa viajava para lugares e partilhava emoções que me eram caras. Tinha grande admiração pela obra do escritor até conhecê-lo.
Costumava seguir a coluna de um conhecido escritor em um jornal de circulação regional. Através de sua prosa viajava para lugares e partilhava emoções que me eram caras. Tinha grande admiração pela obra do escritor até conhecê-lo.
Quando
a oportunidade apareceu, decepção: era um baita chato.
Nunca mais consegui ler sua coluna ou seus livros. Pena...
Nunca mais consegui ler sua coluna ou seus livros. Pena...
A
maioria dos ídolos que persistem, morreram antes de decepcionar-nos. Marilyn,
James Dean, Ayrton Senna, Che Guevara, se vivessem o bastante, talvez não os
admirássemos tanto. Fidel participou da mesma luta ao lado de Che e não vejo
tantas camisetas com fotos dele, pelo menos fora de Cuba.
Mas
as regras existem pelas exceções.
Mais
uma vez tive a oportunidade de assistir a uma palestra com o navegador Amyr Klink. Acompanho seus feitos desde a travessia do Atlântico em um barco a remo.
Considero-o
como um modelo de "homem sábio".
Sábio
por sua coerência, a determinação em viver conforme suas palavras, um mapa
para suas atitudes. Uma incrível percepção
da realidade ao seu redor, das limitações do ambiente e capacidade para
resolver problemas complexos por meio de soluções simples.
Assim
como nos escritos do filósofo Henry Thoreau. Em suas obras procuro alento e orientação para
as situações em que me encontro confuso ou desorientado e nunca me decepcionei.
Em
passagens que falam em enfrentar vagas de metros de altura no lugar de se
submeter a calmarias ou das caminhadas pelas inóspitas florestas as margens do
lago Walden sempre se encontra a experiência que orienta, qual um farol, o
caminho do navegador ou do caminhante.
Afinal,
esta vida é uma viagem, não?
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