Amarrou o
tordilho ao travessão sob a sombra de um eucalipto e dirigiu-se a porta do
bolicho pelo caminho poeirento. Passou da luz e do mormaço da tarde para a
sombra e o frescor do interior, lá divisou o bolicheiro, as moscas que esvoaçavam e uma figura
oitavada na ponta do balcão de prancha.
Cumprimentou
com um "buenas" e foi respondido pelo bolicheiro, a figura no canto
do balcão mal balançou a cabeça coberta pelo chapéu.
Encostou
no balcão e nem foi preciso pedir, o
bolicheiro serviu-lhe um liso de canha para
espantar o calor e passou para a sala dos fundos que funcionava como depósito.
O homem
que não usava esporas não perdeu tempo, aproximou-se , colocou a mão no ombro
do recém chegado e sacando da adaga, abriu-lhe um novo sorriso encarnado que ia
de uma jugular a outra.
O sangue
misturado à cachaça escorreu encharcando
o lenço branco no pescoço do que morria.
Seus
joelhos dobraram, o corpo rolou pelo chão de terra batida que já absorvia o
vermelho escuro do sangue venoso.
Limpou a
adaga nas costas do que já não se mexia, colocou-a na bainha e saiu para a luz
e o calor da tarde, deixando o corpo e sobre o balcão, as moedas para sua
bebida e de sua vítima.
Glossário:
Tordilho - disse do cavalo de pelagem branca;
Bolicheiro - dono da venda, proprietário do estabelecimento;
Liso de canha - dose de cachaça.
Parabéns!Gostei do texto...enxuto e de impacto.
ResponderExcluirMuito bom!
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