Este espaço foi criado para expressar opiniões sobre filosofia, cinema, poesia, literatura, fotografia, viagens e outros tantos assuntos que me interessam... eventualmente atualizado. Caso sinta-se estimulado por algum assunto, post ou imagem, comente, participe, ficarei muito satisfeito. Abraços
quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Frestas
O quarto tinha virado uma concha
a preguiça, do tamanho do mundo
por entre o vão das tuas pernas
vislumbro o que preciso
não distante, o paraíso
a preguiça, do tamanho do mundo
por entre o vão das tuas pernas
vislumbro o que preciso
não distante, o paraíso
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Amanhecer
Ao sair do consultório, não conseguiu voltar para a casa e dar a notícia. Sentou na areia e entre cochilos aguardou o nascer do Sol. Entrou na água até chegar ao peito. Começou a nadar em direção ao horizonte. E se o diagnóstico estivesse errado? Agora não importava mais.
*Microconto
*Microconto
sábado, 16 de novembro de 2019
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
Só um momento...
O pai, policial zeloso e responsável tinha um cofre. Chega em casa, abre o cofre, coloca a arma mas esquece de trancar, escuta a esposa de dieta, passando mal no banheiro. O filho mais velho, fascinado pela arma do pai, seu herói, encontra a porta do cofre encostada e arma dentro. Apanha e aponta para o irmãozinho recém chegado, que dorme no berço. BANG!
(microconto)
(microconto)
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Paixão Fora do Padrão
Enlouqueci
bati na tua cara
batesse na minha
com força
pra ficar vermelha
ardente e medonha
vermelha de vergonha
bati na tua cara
batesse na minha
com força
pra ficar vermelha
ardente e medonha
vermelha de vergonha
sábado, 7 de setembro de 2019
Ode a Liberdade
A porta está aberta
serventia da casa
não como desaforo
mas como benefício
fique, se quiser
fuja, se precisar
domingo, 1 de setembro de 2019
A Mensagem
Carolina
tentou acomodar-se na estreita poltrona do avião. Depois daqueles dias
maravilhosos ao lado de Gustavo em uma suíte luxuosa, fondue, massas,
chocolates e suculentas carnes preparadas com esmero, não seria o desconforto
de uma poltrona, nem o atraso do voo que iria acabar com sua felicidade. E os
vinhos? Espumantes, cabernet, carménère, chardonnay acompanhados de queijos
finos e saborosos embutidos. Mas o ponto alto tinha sido o passeio de trem,
Gustavo nunca lhe contara que dançava e conhecia tantos ritmos. Tinha ficado,
realmente, impressionada. Sua avó sempre dizia: nunca conhecemos, realmente, os
outros.
Afivelou o
cinto e colocou a mão sobre a mão de Gustavo que a observava pelo canto do olho
e sorria. Neste instante, sentiu o telefone vibrar em sua pequena bolsa e
lembrou-se que não o havia desligado. O avião ainda não estava taxiando, tirou o
celular da bolsa mas antes de desligá-lo resolveu escutar a mensagem de Bia,
sua melhor amiga.
Gustavo
percebeu a mudança no rosto de Carol. Segurou sua mão e tentou descobrir o que
estava acontecendo. Ela, congelada, pálida não conseguia tirar o telefone do ouvido,
mesmo com a insistente solicitação da comissária de bordo. Quando conseguiu
controle suficiente para baixar o telefone e finalmente desligá-lo, suas mãos estavam
tremulas e molhadas. Só então percebeu as queixas de Gustavo, já que as unhas cortavam
a pele da mão dele. Não conseguiu esperar até o avião decolar. Seus olhos
vertiam lágrimas descontroladamente. Quando ela pronunciou o nome da amiga, Gustavo
nem tentou negar, começo a desfiar um rosário de desculpas, das quais ela só
lembrava: não tive a intenção de te magoar e nós estávamos tão felizes...
Quanto mais ele
falava, ela mentalmente pedia: cala a boca, cala a boca. Achou que iria
enlouquecer. Uma hora e meia ao lado do cara que a tinha traído com a melhor
amiga? E que hora a desgraçada tinha achado de ter uma crise de consciência? Não
podia ter sido no hotel, para ela poder ter um piti e quebrar vários objetos da
suíte e ele ter que arcar com o prejuízo? Ou no apartamento, onde podia expulsá-lo
e bater a porta com toda a força... justo naquele momento, nada mais a fazer, a
não ser chorar, uma hora e meia ao lado daquele traste. Ela não merecia...
Tentou
controlar-se mas a comissária notou seu estado e trouxe-lhe um copo d’água. Carol
notou no rosto da comissária a reprovação com que ela olhou para Gustavo, como ela saberia? Isto já teria acontecido antes? Ou com ela? Duvidava.
Meu Deus, como
era possível? Momentos antes sentia-se a mulher mais feliz do mundo, nos
segundos seguintes, queria quebrar a janela e correr pela pista. Mas o pior era
ter que suportar Gustavo tentando se justificar, por que não calava a boca? Ela
até podia perdoá-lo, não ficar com ele, mas perdoá-lo simplesmente e esquecer,
mas quanto mais ele falava, maior era a ódio que a consumia e mais difícil era
suportar.
Finalmente aterrissaram,
uma eternidade. Carol não conseguiu afastar-se de Gustavo até a esteira das
malas, ele no seu pé, tentando pegar sua mão, falando o seu nome, boca imunda,
falsa. Felizmente a mala de Carol apareceu, antes o suficiente da dele para ela sair e
encontrar um táxi.
*Baseado em fatos...
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Acordei e descobri
Acordei e descobri:
Minha criança morreu
O que me resta?
Que mais há para encontrar?
Respirar, correr, trepar
Rodopiar, saltar, sem sorrir
Me percebi só
Adulto, forte e destemido
Sem futuro, sem mundo
O que resta?
Ser um político prepotente?
Candidato a presidente?
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
Na janela
Por 50 anos, todos os dias, ela mirou a estrada, na espera.
Um belo dia, o príncipe em seu corcel, apareceu.
Ela o olhou e falou: foda-se, tarde demais...
*microconto
Um belo dia, o príncipe em seu corcel, apareceu.
Ela o olhou e falou: foda-se, tarde demais...
*microconto
quarta-feira, 31 de julho de 2019
Paraty
Paraty foi descoberta por metade de mim
A outra metade, intuía e já sabia que Paraty existia
Num futuro próximo, Paraty se revelou
E se tornou um paraíso anárquico
Liberto pelo intelecto e pela emoção
Das amarras e grilhões que cercam os corações
Voltando ao seu estado natural e real
Uma utopia
cheia e vazia
liberta da tirania
A outra metade, intuía e já sabia que Paraty existia
Num futuro próximo, Paraty se revelou
E se tornou um paraíso anárquico
Liberto pelo intelecto e pela emoção
Das amarras e grilhões que cercam os corações
Voltando ao seu estado natural e real
Uma utopia
cheia e vazia
liberta da tirania
sexta-feira, 19 de julho de 2019
Extinção
Ela o deixou,
passou, abandonou
E foi como se não existisse
Gametas não se encontraram
O cometa errou o planeta
Tudo ficou em paz
Sem escombros, poeira
Somente uma lápide:
"Aqui Jazz"
passou, abandonou
E foi como se não existisse
Gametas não se encontraram
O cometa errou o planeta
Tudo ficou em paz
Sem escombros, poeira
Somente uma lápide:
"Aqui Jazz"
sexta-feira, 5 de julho de 2019
Carrascoza
Meu primeiro contato com João
Anzanello Carrascoza se deu em um programa de Tv. Me chamou a atenção pela
serenidade e elegância. Quando tive a oportunidade de ter em mãos um de seus
livros (Diário das Coincidências), descobri uma escrita também elegante e
saborosa. Me ocorre a comparação com um delicioso sorvete, talvez por ser uma das
minha sobremesas favoritas, já nas primeiras páginas somos agarrados por uma
prosa quase poética que deixa a sensação nos olhos, semelhante ao da massa que,
aos poucos, derrete na boca, revelando seus doces e sabores. Seus temas não são
propriamente alegres e festivos, mesmo assim, perdas, desencontros e solidão
são cobertos com caramelo, tornando-os mais palatáveis. Assim, vamos degustando
as palavras e só lamentamos quando nos aproximamos do final. Se você ainda não
provou, quer dizer, leu, aproveite e deleite-se.
terça-feira, 18 de junho de 2019
sábado, 8 de junho de 2019
Mil e Uma Noites
Amava comodamente
Como quem
lê um livro
Página por
página
Frase por
frase
Palavra por
palavra
Como as Mil
e Uma Noites
Mesmo
sabendo que no final
Teria sua
cabeça decepada
Pela espada
da rotina
segunda-feira, 3 de junho de 2019
quarta-feira, 22 de maio de 2019
quarta-feira, 10 de abril de 2019
Nei Lisboa
Confesso a minha falha. Ao sair do Rio Grande do Sul, deixei para trás alguns hábitos e costumes, alguns voluntariamente outros por desleixo. LPs e fitas Cassetes ficaram na antiga casa. Desde este período fiquei apartado da cena artística gaúcha, com raras exceções. Por isso minha surpresa traz um misto de pena por não ter acompanhado mais de perto a carreira do Nei, que já era um guri famoso naqueles tempos, por estas bandas. Mas em tempo, ainda bem, deparei-me com um projeto de 2015, um CD gravado ao vivo que se chama "Telas, tramas & trapaças do novo mundo". Achei o título um pouco pretensioso, mas ao ouvir fiquei impressionado com a qualidade do trabalho. Não sou músico nem crítico profissional, falo das minhas experiências estéticas. O trabalho impressiona pela qualidade musical, arranjos caprichosos e músicos virtuosos que valorizam as letras poéticas e finamente irônicas que nos levam a reflexão. Dias atrás tive a oportunidade de comprovar pessoalmente o que já havia percebido nas gravações. Nei apareceu em Pelotas e fez um belíssimo show acompanhado de brilhante músico Luiz Mauro Filho. Claro que o show, que ocorreu no lindo salão da Bibliotheca Pública Pelotense, teve um clima muito mais intimista, possibilitando a proximidade do público e a interação com o artista, atencioso e gentil. Muito obrigado pelo lindo show e retorne logo Nei.
quarta-feira, 27 de março de 2019
Vaidosa
A lua, vaidosa
Vem se mirar na lagoa
Brilhante, maravilhosa
Pouco se importa com as esbeltas
Com a Vogue, Marie Claire
Imenso espelho prateado
Ora doce, ora salgado
Pouco se importa
Se a lua cheia brilha
Pela luz do sol
Salvação
O garoto ouviu dos parentes: -vá morar com os avós para salvar o casamento dos seus pais. O garoto foi, mas ninguém se salvou.
microconto
sábado, 23 de março de 2019
Quem sabe
O Amor é a certeza
para a desilusão
ou não?
por qual razão
abrimos mão
da liberdade
da solidão?
subserviência
ou jugo voluntário
submissão compartilhada
ou não?
com o ser amado
para a desilusão
ou não?
por qual razão
abrimos mão
da liberdade
da solidão?
subserviência
ou jugo voluntário
submissão compartilhada
ou não?
com o ser amado
sexta-feira, 15 de março de 2019
Uma Sardinha Chamada Fernão
Era uma sardinha e vivia no meio de outras sardinhas. Isto a
incomodava. Desejava uma identidade. Por isso, sempre que podia, procurava um
lugar solitário para meditar. Esse comportamento era criticado pelo cardume. As
outras sardinhas não entendiam, gritavam, -Volta pro cardume, aqui estamos
seguras. Um dia, numa dessas escapadelas, chegou perto a superfície da
água, olhou maravilhado para todo aquele brilho e azuis diferentes. Neste
momento uma gaivota o avistou, mergulhando o apanhou. Por alguns segundos,
Fernão não se deu conta do que acontecia, tão maravilhado com o que via. Lá de
cima notou a mancha escura que formava o cardume, todos como um, uma forma só. Agora se sentia diferente, na
barriga da Gaivota.
domingo, 3 de fevereiro de 2019
Cris
Cris
acordou na sala de recuperação. Logo teve ciência de onde estava e por quê. As
luzes fluorescentes e o curativo que podia enxergar, mesmo fora de foco pela
proximidade, não deixavam dúvidas. Estava doida para conferir o resultado da
cirurgia, mas quem havia esperado vinte e dois anos, podia aguardar mais uns
dias. Sabia que o local permaneceria inchado por um tempo, mas não se
importava, queria poder ver e tocar. Passara os últimos quatro anos juntando
dinheiro para poder realizar a operação, muitos sacrifícios e privações, agora
a ansiedade a consumia. A enfermeira aproximou-se e informou que tudo havia
corrido bem e logo seria liberada para voltar ao quarto.
Já
no quarto, pediu um espelho. Desânimo, só conseguiu enxergar o curativo.
Mais
um dia e estava em casa, passaram-se mais alguns até a retirada do curativo. Sentada
à maca aguardou enquanto o médico retira as bandagens e algodões e lhe alcança
um pequeno espelho com a haste e borda de prata. Ela encara a imagem refletida
com espanto, apesar da satisfação estampada no rosto do médico, ela não
consegue enxergar o próprio nariz, no lugar onde deveria estar a obra de arte
alardeada pelo médico, ela somente vê um borrão. Por mais que tente focalizar
os olhos a imagem não entra em foco. Não tem coragem de falar com o médico, é
coisa da sua cabeça, fruto da ansiedade, quando chegar em casa e se acalmar
tudo volta ao normal. Aceitou a opinião do médico de que tudo tinha ficado
perfeito, assim como ela desejara. Dentro de mais alguns dias retornaria ao
consultório para retirar os pontos. Tudo voltará ao normal, repetiu.
Mas
não foi o que ocorreu, mesmo depois de tomar os remédios e dormir um pouco, ao
mirar-se no espelho do banheiro, lá está o borrão no lugar do seu novo nariz.
Tudo bem, pensou, vamos aguardar. Pensa em procurar a analista que lhe
acompanhara nos últimos dois anos em sessões quinzenais, que era o que podia
pagar. Como falar com outras pessoas? Não iriam acreditar, achariam que está
louca.
No
geral, sempre esteve satisfeita com sua aparência, alta, magra, pele morena e
saudável, olhos escuros assim como o cabelo, liso e brilhante. Talvez os pés a
incomodassem, mas o nariz... quando começara a puberdade ele começou a mudar
também, mas parecia ter tomado outro rumo, que não harmonizava com o restante.
Talvez herança daquela bisavó pomerana? O fato é que passou a ser algo que
incomodava, mais tarde, um problema. Decidiu que, assim que pudesse, resolveria
aquilo. Os meios existiam, faltava a grana. Batalhou muito para consegui-la,
era focada, nada de baladas, gastos desnecessários com roupas e sapatos. E
agora isto?
Evitava
olhar-se no espelho, contentava-se com os elogios das pessoas. Mas o incômodo
aumentava. Após a retirada dos pontos, não se conteve, até porque o médico
praticamente a obrigou a olhar. Entregou o mesmo espelho de haste de prata, e o
susto foi maior. A área borrada estava ainda maior, mal podia definir os olhos
agora. Caiu em prantos, e o médico a consolou, disse que muitas pacientes
costumavam ficar emocionadas quando constatavam o resultado. Saiu rapidamente
do consultório, chegou em casa e trancou-se no quarto. Ficou no apartamento
todo o fim de semana. Quando ia ao banheiro, não acendia a luz. Cobriu todos os
espelhos que tinha.
Na
segunda-feira não pode evitar, tinha que trabalhar. Ao olhar-se não conseguia
mais definir o rosto e ao erguer as mãos, os dedos também já não se definiam.
Deixou escapar um gemido e seus joelhos dobraram.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Mundiano
Mundo
mundo
Vasto
mundo,
As
vezes pequeno e belo
Mundo
mundo
Extenso
mundo,
Quer
se viva em uma aldeia
Quer
em uma metrópole
As
palavras viajam
Em
ondas no ar
Por
continentes e pelo mar
Por
todo sistema solar
Mundo
mundo
Mesquinho
mundo
Mas
pode ser suave
Por
palavras serenas
Mãos
estendidas
Em
gratidão
domingo, 20 de janeiro de 2019
Parrésia
Que se fodam os ricos
Que se fodam os pobres
Todos fazemos parte deste complô
Uns por conveniência
Outros por conivência
Que se fodam os pobres
Todos fazemos parte deste complô
Uns por conveniência
Outros por conivência
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
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