O mundo silencia sob a chuva.
Cheiro de terra, perfume de flor,
vida que brota, fruto do amor.
Este espaço foi criado para expressar opiniões sobre filosofia, cinema, poesia, literatura, fotografia, viagens e outros tantos assuntos que me interessam... eventualmente atualizado. Caso sinta-se estimulado por algum assunto, post ou imagem, comente, participe, ficarei muito satisfeito. Abraços
sábado, 18 de fevereiro de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
domingo, 29 de janeiro de 2017
Pequeno Conto Zen
Em um templo perdido no Himalaia o discípulo encontra o
mestre em um terraço, terminando sua meditação.
Respeitosamente pede licença e pergunta:
- Mestre, existe uma
maneira de mudar o coração de um homem que sofreu por muito tempo?
- Para muitas pessoas
o sofrimento funciona como forja, temperando sentimentos e ações, tornando a
pessoa mais resistente e equilibrada à interferência do mundo. Mas em alguns
casos o coração se torna frio e indiferente.
- Nestes casos mestre, como podemos tocá-lo?
- Está quase na hora
do chá, vá até a cozinha e traga o chá e a manteiga.
Sem questionar o discípulo se afasta.
Alguns minutos depois volta com uma bandeja laqueada
e ricamente ornada, com um bule fumegante e um pote de manteiga de iaque
endurecida pelo frio.
Senta-se sobre a
esteira e espera o mestre, que parece estar em estado contemplativo.
Após alguns minutos o
mestre fala:
- Você notou como a
manteiga estava quando a trouxe da cozinha?
- Sim mestre, estava fria e dura, como uma pedra.
- E como está agora, após alguns minutos sob a luz do sol?
- Já começa a ficar mais amolecida mestre.
- Quando tratamos as pessoas embrutecidas pelo mundo com paciência,
gentileza e atenção seus corações
começam a se abrir.
- Sim mestre!
- Agora que já é
possível, sirva o chá e coloque um pedaço de manteiga.
O rosto do discípulo
iluminou-se em um sorriso, antevendo o desfecho.
Retribuindo o sorriso, o mestre falou:
- A luz do sol e o calor do chá funcionam como a gentileza e
a atenção ao aquecer os corações empedernidos, abrindo uma brecha
para que o amor e o equilíbrio possam entrar e transformá-los.
domingo, 22 de janeiro de 2017
Morgana
Vinha pela calçada quase aos saltos, mal tocava o chão. Finalmente acontecera, numa
época de precocidade já se sentia deslocada. Aos 16 anos se apaixonara pela
primeira vez. A maioria das suas amigas
já tinha várias aventuras para contar e ela um ou outro "crush"
somente.
Mas agora era para valer, sabia
disso, tinha valido a pena a espera. Sentia o rosto arder e o coração aos
pulos depois do primeiro beijo.
Era uma garota tímida, bonita mas introvertida, sempre sendo preterida
pelas mais ousadas. Em sua opinião, seu nome também não ajudava. A idéia fora de sua mãe, Morgana em homenagem à sacerdotisa do lago, sua personagem preferida na lenda do Rei Arthur, livro que a encantara na adolescência. Rendera-lhe todo o tipo de
apelido desde que começara a frequentar a escola. Mas para sua surpresa, ele
conhecia a origem do nome e disse que o adorava. Tudo perfeito. Mal podia esperar
para chegar em casa e contar para a mãe, sua confidente e melhor amiga.
Sentia as faces cada vez mais quentes. Começou a achar que as pessoas na rua percebiam o seu rubor.
Nem respondeu ao cumprimento do porteiro e correu para o elevador. O calor que sentia agora era sufocante, saiu rapidamente do elevador e percebeu que suas roupas começavam a mostrar manchas
escuras. Tirou a mochila e procurou a chave. Notou que o nylon da mochila derretia ao toque de seus dedos.
Desistiu da chave, tocou a maçaneta e a porta se abriu, encontrava-se só
encostada, sinal de que a mãe estava no apartamento de uma das vizinhas.
Correu para o interior do apartamento no momento que sua roupa íntima
começou a incendiar, logo foi o uniforme da escola que estava em chamas. Aos
gritos, sem entender, correu para o banheiro, deixando um rastro de trapos
queimando no piso de cerâmica.
Ao tentar abrir a porta do
box o vidro partiu-se em mil pedaços com
um estrondo. Apavorada, entrou e tentou girar o registro, enquanto seu cabelo
pegava fogo.
O registro do chuveiro começou a ficar vermelho e dissolver-se como em
uma pintura de Dali. Agachou-se em um
canto em pânico, sem saber o que fazer enquanto seu corpo inteiro ardia.
Minutos depois sua mãe volta para casa. Não entende a cena que
encontra. A mochila em frente a porta aberta, o chão cheio de cinzas,
a porta do box quebrada e um coração em brasas no piso do banheiro.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
Passiflora
Poeira suspensa
Lama pegajosa
Espuma que escorre
Pétala suave
Pistilo
Zangão negro, dourado
Forma cardíaca
odor inebriante
reflexo de luz
Fruto, polpa madura
Sabor suave de cura.
Lama pegajosa
Espuma que escorre
Pétala suave
Pistilo
Zangão negro, dourado
Forma cardíaca
odor inebriante
reflexo de luz
Fruto, polpa madura
Sabor suave de cura.
* modelo incidental: Pedro Fernandes Ribas
domingo, 4 de dezembro de 2016
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