segunda-feira, 3 de junho de 2019


Todo poema deve parecer com um pássaro
Ter asas, mas também, bicos e garras

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Incrédulo



Ponho óculos quando não necessito
Necessito ver, mas não acredito
Quando vejo, fico aflito




quarta-feira, 10 de abril de 2019

Nei Lisboa

Confesso a minha falha. Ao sair do Rio Grande do Sul, deixei para trás alguns hábitos e costumes, alguns voluntariamente outros por desleixo. LPs e fitas Cassetes ficaram na antiga casa. Desde este período fiquei apartado da cena artística gaúcha, com raras exceções. Por isso minha surpresa traz um misto de pena por não ter acompanhado mais de perto a carreira do Nei, que já era um guri famoso naqueles tempos, por estas bandas. Mas em tempo, ainda bem, deparei-me com um projeto de 2015, um CD gravado ao vivo que se chama "Telas, tramas & trapaças do novo mundo". Achei o título um pouco pretensioso, mas ao ouvir fiquei impressionado com a qualidade do trabalho. Não sou músico nem crítico profissional, falo das minhas experiências estéticas.  O trabalho impressiona pela qualidade musical, arranjos caprichosos e músicos virtuosos que valorizam as letras poéticas e finamente irônicas que nos levam a reflexão. Dias atrás tive a oportunidade de comprovar pessoalmente o que já havia percebido nas gravações. Nei apareceu em Pelotas e fez um belíssimo show acompanhado de brilhante músico Luiz Mauro Filho. Claro que o show, que ocorreu no lindo salão da Bibliotheca Pública Pelotense, teve um clima muito mais intimista, possibilitando a proximidade do público e a interação com o artista, atencioso e gentil. Muito obrigado pelo lindo show e retorne logo Nei. 




quarta-feira, 27 de março de 2019

Vaidosa


A lua, vaidosa
Vem se mirar na lagoa
Brilhante, maravilhosa
Pouco se importa com as esbeltas
Com a Vogue, Marie Claire

Imenso espelho prateado
Ora doce, ora salgado
Pouco se importa
Se a lua cheia brilha
Pela luz do sol



Salvação


O garoto ouviu dos parentes: -vá morar com os avós para salvar o casamento dos seus pais. O garoto foi, mas ninguém se salvou.

microconto

sábado, 23 de março de 2019

Quem sabe

O Amor é a certeza
para a desilusão
ou não?
por qual razão
abrimos mão
da liberdade
da solidão?
subserviência
ou jugo voluntário
submissão compartilhada
ou não?
com o ser amado 




sexta-feira, 15 de março de 2019

Uma Sardinha Chamada Fernão



Era uma sardinha e vivia no meio de outras sardinhas. Isto a incomodava. Desejava uma identidade. Por isso, sempre que podia, procurava um lugar solitário para meditar. Esse comportamento era criticado pelo cardume. As outras sardinhas não entendiam, gritavam, -Volta pro cardume, aqui estamos seguras. Um dia, numa dessas escapadelas, chegou perto a superfície da água, olhou maravilhado para todo aquele brilho e azuis diferentes. Neste momento uma gaivota o avistou, mergulhando o apanhou. Por alguns segundos, Fernão não se deu conta do que acontecia, tão maravilhado com o que via. Lá de cima notou a mancha escura que formava o cardume, todos como um, uma forma só. Agora se sentia diferente, na barriga da Gaivota.