No
filme "O Perfume, A História de um Assassino", dirigido por Ton Tykwer e baseado no romance homônimo do alemão Patrick Süskind, Jean-Baptiste
Grenouille nasce em meio à confusão generalizada de um mercado de peixe na
França pré-revolução, sendo imediatamente rejeitado pela mãe e deixado para
morrer entre vísceras putrefatas.
Não
era a primeira vez que ela assim procedia. Outros bebês já haviam sido jogados ao
rio em meio à sujeira do mercado. Mas Jean-Baptiste resolve agarrar-se à vida
e, assim, condena sua mãe à morte. Começo inusitado que nos leva por uma
história não menos inusitada.
Jean-Baptiste
tem algumas particularidades, não exala cheiro mas consegue distinguir
distintamente propriedades de todos os aromas que percebe. Assim passa a se
relacionar com o mundo através de sua fantástica sensibilidade olfativa. Quando descobre que
pode manipular os aromas e com isso afetar as pessoas, torna-se obcecado por encontrar
uma essência que poderá lhe proporcionar o controle sobre o mundo que o cerca.
A
psicóloga e professora Raphaële Miljkovitch, em seu livro "Os Fundamentos da Relação Afetiva", explora a tese de Blowbly e apresenta pesquisa de
campo onde reafirma a importância do primeiro contato afetivo do bebê com os
pais, ou com outro que lhe seja responsável, a quem ela chama de "objeto de apego" e que acaba por influenciar potencialmente os relacionamentos
futuros do indivíduo. A tese reforça a história de Jean-Baptiste. A imediata rejeição
por parte da mãe, seu "objeto de apego" e as rejeições posteriores,
pois as pessoas sentem-se incomodadas por ele não exalar cheiro, parecem
conduzir o destino do personagem que, levado por sua obsessão não consegue resistir
a seus impulsos, assassinando mulheres e animais como se colhesse flores. Às
vezes com a mesma delicadeza.
É
estranho, mas fica difícil sentir raiva de Jean-Batiste, interpretado com excelência por Ben Whishaw, parece não
haver maldade em seus atos, simplesmente uma curiosidade obstinada e apática em
encontrar sua essência.
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