quarta-feira, 9 de abril de 2014

Noé e a Maioridade

Nada mais oportuno do que filmar histórias bíblicas. Com frequência encontramos pessoas à espera de uma intervenção. Talvez por que estejamos desesperançados de nós mesmos. Não percebemos que Deus, assim como um pai responsável já delegou à sua criação autonomia e livre arbítrio para cuidar e proteger nossos irmãos e o lugar onde vivemos.
Tecnologicamente, praticamente já atingimos a maioridade. Já saímos de casa, visitamos outros mundos, descobrimos como o universo começou, dividimos o átomo. Ainda assim, relutamos em responsabilizarmo-nos por nossos atos. Esperamos ansiosamente por uma intervenção divina, um castigo ou julgamento.
Talvez seja a explicação para a refilmagem de temas bíblicos, assim como aconteceu quando o mundo foi assolado pela guerra fria.
Noé é um filme bem produzido, com roteiro shakespeariano, reis alucinados, conflitos familiares, muita violência e ação. O roteiro e direção (Darren Aronofsky - Cisne Negro) são atuais e os efeitos especiais bem realizados. Russel Crowe está ótimo junto a Jennifer Connelly (a mesma dupla de "Uma Mente Brilhante") e Anthony Hopkins muito bem como Mestre dos Magos??? (desculpem mas não resisti, a semelhança óbvia), e o resto do elenco não compromete o resultado.
O filme transcorre em uma atmosfera de magia onde ocorrem curas com a imposição de mãos e se utiliza ervas mágicas capazes de fazer adormecer elefantes, répteis e aves.
Roteirista e diretor ainda reservaram uma surpresa na metade do filme que o torna interessante independentemente da crença de quem assiste.
O mundo acaba, mas à raça humana é dada a chance de um novo começo. Mesmo assim continuamos esperando uma intervenção. Não creio que ela aconteça, para o bem ou para mal, o futuro está em nossas mãos. "Ele" apenas nos observa... não somos mais crianças.



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